Querido Diário


Tenho uma estranha sensação.
Tenho partilhado a maior parte das minhas novas entradas no Facebook.
Há pouco tempo, organizei as listas e não partilho nada publicamente.
Ainda assim, existe muita gente com o acesso facilitado a isto, que não me deixa propriamente à vontade. Talvez tenha que criar uma página e utilizá-la. Ou um grupo fechado, que é mesmo privado. Apenas quem lá está, sabe o que lá se passa. A menos que o partilhe.
Escrevo esta entrada, que vai ser publicada no Twitter, mas deixarei o Facebook de parte.
Longe vai o tempo em que estas entradas eram publicadas orgulhosamente. Não se trata de vergonha, mas de manter mais meu o que é meu, deixando certas pessoas da minha vida de fora destes meus cantos.

O que é que importa tudo isto? Quem é que quer saber? Por vezes, dou comigo a pensar. A pensar no amor. E pergunto-me quão diferentes seriam estas horas, se tivese alguém. Aquele assunto que mencionei, de bater uma nostalgia de vez em quando, por causa das minhas escolha. Não ficamos todos um pouco nostálgicos de vez em quando? Acontece com todos.
Escolho Madredeus para me "acompanharem" neste momento. "Ao Longe O Mar". Estaria eu numa praia, num bar qualquer, com o mar revolto logo ali, num ambiente intimo com esse alguém? Estaria numa qualquer rua, na arcada de um prédio, dentro do carro, a fumar umas? Simplesmente a conversar? Silêncio? 
Como seriam os risos? Apaixonados e idiotas? De que se falaria (se é que se falasse)? 
Tenho curiosidade. Nunca tive propriamente uma relação e foi sempre tudo por variados motivos.
Tenho curiosidade!
Olho-me ao espelho, entristecido com a minha imagem abandonada. A culpa é minha, sob todos os aspectos. Ninguém mais tem culpa de nada. Mas é mais fácil termos raiva dos outros, do que nós próprios. Quem disser que não, mente!
Tenho curiosidade.

Memória de um certo homem, que veio ter comigo. O que se passou ou o que se disse, não importa.
Importa, algures no meio de beijos, aquela pergunta: "estás carente, não estás?". E tive que admitir, não perante ele, mas perante mim mesmo o quão carente estava. Imagino que seja esse o meu estado, neste momento. Mas não me permito a tais pensamentos, a menos que queira ficar todo deprimido outra vez.
Sim, devo estar carente!
Não, mais que sexo, não!
Sim, sinto falta daquele apoio (ou tenho curiosidade, sabem?).

Pergunto-me se será possível amar-se mais do que uma vez. Eu não me sinto com capacidade de oferecer amor a quem quer que seja. É uma coisa tão forte e arrebatadora, que não me imagino a carregá-la em mim. Despojei-me dessa arma, faz algum tempo. E, mesmo assim, tenho agora dúvidas do que terei realmente sentido.
E nesta hora, é que me surgem certas revelações.
Certas pessoas...
Certos pensamentos...

Queria-me longe daqui, às vezes...
Num outro lugar.
Com outras pessoas.
Mas se eu continuar a mesma merda, de que valerá?
É aqui que tenho que começar a preparar a minha saída deste sítio.
É aqui que tenho que tomar a atitude.
Cabeça e coração, ainda que não resolvidos, pelo menos com tréguas feitas, para que eu possa recobrar e ter a vontade de seguir em frente e de fazer alguma coisa. Qualquer coisa. O que importa, é ir lá e fazer. Erguer a voz. Mexer as mãos. Comunicar.
Apenas assim poderei fazer alguma coisa e mudar tudo isto.

Os meus pensamentos e os meus rebates de consciência são cada vez mais fortes e mais arrebatadores. São cada vez mais pesadas, as culpas que sinto (algumas com toda a razão)! Pois tornei-me numa das coisas que mais odeio.

Amor!
Vida!
Preguiça!

Tópicos de muita conversa.
Tópicos para muita escrita.
Mas alguns deles, apenas me envergonham.

Boa noite!

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