Alguém, com uma loucura semelhante à minha...


Como dizer isto?

Como poder expulsar tamanha coisa de dentro de mim?

Talvez que me escape à ideia de me manter mais certo. Mais directo aos assuntos.

De vez em quando, surge algo que se mantém na mente por dias. Desaparece. Volta a surgir.

Florbela Espanca temum poema intitulado "Eu não sou de ninguém". Define-me bem. Eu snto-me como não sendo de ninguém. Sinto-me com que vivendo em reclusão, com a mente repleta de fantasias.

Quem me queira, há-de ter uma loucura semelhante à minha. Mas apenas a loucura. Demasiadas semelhanças tendem a, primeiro, aborrecer-me e, depois, a irritar-me. Já me foi dito que o meu "azar ao amor" é por opção própria. É verdade!

Quem me queira, terá que suportar muita loucura, mocas. Não precisará acompanhar-me, se não quiser, mas não deverá prender-me (ou tentar)! Terá que suportar, por vezes, longos períodos depressivos, mudanças bruscas de humor. Terá que aceitar quem sou, como sou. Terá que ter mesmo muita força de vontade e estar preparado para muita negação e muita fuga da minha parte.

Eu fujo de muitas coisas que a maioria das pessoas deseja. Fujo do amor, como quem corre pela vida! Amar foi uma péssma experiência, experiência essa que não desejo repetir. 

"Todos querem apaixonar-se e serem felizes. Por que é que tu queres ser diferente?", perguntaste-me tu um dia. Não recordo bem a conversa, mas creio que teria que ver com sexo e relações. Conversa normal entre amigos. Na semana passada, em mais um jantar de um certo grupinho fixe e habitual, além de seres a terceira ou quarta pessoa a dizer que ouviu coisas de pessoas com as quais me envolvi sexualmente (ou como gosto de dizer, co as quais mandei umas fodas valentes), se que e saiba quem são as pessoas, disseste que aguardas o dia em que te apresentarei "um namorado sério" meu. 

Achas que mudou a vontade?

No meu ideal, daqui a muitos anos, serei um excêntrico artista, vivendo num meio rural, rodeado de animais.

Claro que sinto falta de alguém de que goste de mim. Claro que snto falta de que alguém, além do meus amigos, me procura e se preocupe. Não sou de ferro, apesar de, em certos aspectos, ser muito frio. Não vejo os homens como alguém a quem se possa confiar um coração.

Acho que, neste aspecto, será como já me foi dito uma vez: ainda vai bater uma paixão tão forte e tão inesperada, que vou ficar louco e cair de quatro outra vez, como quem perde as forças para se suster nas pernas.

Já me foram dadas muitas chances que desperdicei. Sou apologista das famosas quecas mágicas: "dou uma e desapareço".  Já me disseram que qualquer dia ainda me fazem o mesmo. O meu tipo de homem? O descartável, usar e deitar fora. Ou então, tipo pastilha elástica, mastigar, saborear e deitar fora!

O coração pede, por vezes. A cabeça pensa, recusando a ideia. E vence a cabeça.

Caminho pelas noites. Pelas ruas. Debaixo do luar. À luz da tarde. Penso.

Vejo este e aquele. Fantasio sexualmente. Faço um filme pornográfico mentalmente, desenho o espaço e a situação. Imagino o homem sem as roupas. Uma quente tarde das mais quentes tardes de Verão ou a mais fria noite do Inverno. Corpos pressionando-se mutuamente contra a parede (parem lá com as piadinhas do armário, sim?). Tesão e desejo. Mas não existe mais do que isso. Nunca existe mais do que isso. Há beijos, amassos, palmadas... mas nunca existe sentimento.

"Todos querem apaixonar-see serem felizes. Por que é que tu queres ser diferente?". Ninguém existe com firmeza suficiente para me aguentar, nem com forças que cheguem para me prender. Não creio despertar qualquer atractivo especial, nem mesmo para uma fodas valentes. Como que um espécie de resto que os outros foram deixando para trás, assim me sinto. Como posso então fantasiar alguémmque me queira?! Fechei o coração ao sentimento, como poderiam esperar que eu quisesse alguém?

Mas quem me queira... isto talvez seja mais um testamento a demonstrar que razões existem para que não me queiram, mas terão que ser muito loucos para me quererem. Gosto muito (demasiado, até!) da vida boa! Da má vida! Da minha liberdade!

Alguém com uma loucura tão grande ou maior que a minha... difícil!

Porque é que escrevo isto?

Carros que passam na noite. Noite de casais. O coração sente a necessidade de algo mais e a cabeça pensa. Tomamos então o impulso de escrever isto, sem receios ou arrependimentos. Há coisas que se escrevem e que se apagam o dia a seguir. Esta é daquelas coisas que, no nosso jeito de viver, aos olhos dos demais é uma imagem de marca.

Taradão!
Gajos bons são instantaneamente comidos com os olhos!
Amigos minimamente giros são elogiados. Alguns brincam. Alguns seguem a conversa.
Gajos bons e "descartáveis". Gajos musculados. Gajos fardados.

É mais fácil viver à margem!

É mais fácil não envolver sentimentos, logo não existirão desilusões.

Alguém, com uma loucura semelhante à minha. Com um pensamento, de certo do, parecido. Seria irónico que duas pessoas com este género de pensamentos se cruzassem e, de algum modo, se apaixonassem.

Mas isto são apenas devaneios.

É de manhã. É hora de ir dormir.

Um cigarro para o caminho. Para a alma. E para o pensamento.


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