O que procuro?

Não raras vezes, caminho pelas ruas sem destino.
Caminho, caminho, caminho.
Sem destino, sem rumo.
Que procuro quando, a altas horas da noite, subo e desço as ruas da cidade? Que é que procuro quando entro no parque escuro? E quando caminho por entre carros estacionados? Talvez procure a satisfação momentânea do meu corpo. Talvez procure o meu assassino. Acabar com a vida, às mãos de um estranho. Acabar com a vida de um estranho, com as minhas próprias mãos.
Em noites de luar, caminho rua acima, rua abaixo. De vez em quando, bebo um café na bomba de gasolina. Quantas vezes subo e desço as ruas, na esperança de que, quem lá está, vá embora e eu possa ficar sozinho e sossegado na madrugada. Sozinho com o meu café. Sozinho com o meu cigarro. E com os carros que passam. E com os estranhos que chegam e partem.
E é, enquanto os meus segredos fazem a minha consciência morder-me, que caminho, horas e horas a fio, sem rumo, sem destino. Não tenho vontade de estar aqui. Não tenho vontade de estar ali. Não tenho vontade de estar em lado nenhum e tenho vontade de estar em todo o lado ao mesmo tempo.
O que procuro, quando caminho sem rumo e sem destino? Horas a fio a caminhar, até que me doam as pernas, as ancas, as costas? Que é que procuro?
Quem me dera saber!

Comments

Elizabete ღ said…
Yourself, maybe?!

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