Vou continuar à procura!

Vou continuar à procura de mim mesmo!
Vou continuar à procura de uma boca que se morda, de um corpo de um amante que se devore!
Por entre as ruas escuras. Por entre os parques sombrios. Por entre os bosques esquecidos e que ainda não me atrevi a percorrer pelas noites de luar, vou continuar à procura.
Vou continuar à procura de um momento de calma e de paz.
Vou continuar à procura do tiro que ecoará nas noites mais silenciosas, penetrando o meu ser.
Vou continuar à procura da mais gélida das lâminas do meu assassino!
Não haverá luz e eu, ceguinho de tanta de luz, verei por entre as brumas e continuarei à procura.
Por entre sepulturas esquecidas no tempo, vou continuar à procura de um Deus maior! E vou continuar à procura de uma fé sem mentiras! E vou continuar à procura do meu confessor!
Vou continuar à procuro dos bens de que fui despojado!
Vou continuar à procura daquele momento quente!
Continuarei a minha incessante busca pela Morte, enquanto me restarem pedaços de vida!
Vou continuar à procura do ridículo, de fazer diferente!
Vou continuar à procura de ser eu!
Por entre as noites mais sombrias e por entre as ruas mais obscuras, apertarei contra o peito o rosto do meu amante, do meu assassino e do me confessor!
E não haverá luz e nem haverá mais nada, quando e continuar à procura!
E será escuro o quarto dos meus despojos e eu procurarei.
E será escura a noite da minha luxúria e eu procurarei.
E será escuro o rosto de todos eles e eu procurarei.
E será escuro o bosque de caminhos ermos, selvagens e acidentados, e e procurarei.
E será escura mais uma hora vazia e e procurarei.
E vou continuar à procura, por entre a escuridão, eternamente!

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