parece-me que se passaram cem anos
Parece que passaram séculos desde que fiz isto pela última vez. Parece-me que se passaram séculos desde que dei importância a algumas das coisas que queria ou que deveria dizer, mas convenhamos que muitas das coisas não têm sido das melhores. Há uma coisa ou outra que tem vindo a mexer com o meu sistema nervoso. Há uma ou outra coisa que complica o meu constante estado de paranóia.
Tenho escrito algumas coisas em casa. Tenho vencido a maior preguiça e tenho vencido a maior parte das coisas dolorosas, passando-as para o papel. Tenho feito as mudanças necessárias e posto os pontos finais onde têm sido necessários. Recomecei as minhas "ferramentas necessárias". Mas continua tudo tão parado. Pouco ou nada muda verdadeiramente!
Uma destas noites na bomba, passa a polícia no carro. Passam bem devagar, olhando bem para quem é que ali está. Pouco depois, um dos clientes da bomba fica a olhar para uma das pessoas que estava comigo e para a rapariga que lá trabalha. Tive um mau pressentimento, que se agravou quando ele rondou a bomba de gasolina mais de vinte vezes. Ao passar pela porta da esquadra, confusão lá dentro. Entram e saem de lá rapazes (adivinhem!). Saem aos gritos ou aos telemóveis. O carro da pessoa em questão passa por nós. O carro em questão pára-me no túnel (tremi muito) e pergunta-me pelo meu amigo: "o branco, não o preto" diz-me. Dou uma desculpa esfarrapada e enquanto ele se afasta lentamente, o meu amigo vem na minha direcção. Recebi mensagem dessa minha amiga da BP, a dizer que o gajo rondou as bombas até de manhã. Parece que os meus maus pressentimentos continuam sem falhar, quando batem certo. Parece-me que, quando digo que devemos bazar, é porque é hora disso mesmo!
Tudo se passa e tudo corre. Esta cidade é louca e está cada vez pior.
Parece-me que se passaram mais de cem anos...
Cem anos...
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