Uma personalidade fragmentada
Não sei porque insisto em fazer leituras, antes de escrever. Atrofia-me a cabeça toda, deixa-me sem saber o que escrever ou esquecido do que ia escrever. Não sei para que insisto.
Fui descobrindo um ou outro blog, lendo aqui e ali, coisas de que gosto, coisas de não gostei tanto. Fui descobrindo novos bloggers, novas maneiras de ver as coisas, de agir e pensar face a elas. E isso tem sido bom, refrescante. Mas não preenche um vazio, que venho sentindo de há uns tempos para cá. Vazio esse, que tem-se reflectido das mais variadas formas.
Hoje, pensei no curioso desdobrar da minha personalidade. E o melhor para com isso, tem a ver com o Twitter e com o Tumblr. Tenho duas contas de cada, uma que poderia ser dita "normal", só que quem pode definir o normal? Entretanto, por outro lado, tenho outra orientada à pornografia gay. E tenho visto que, nestas últimas, sou muito mais cru, muito mais verdadeiro, muito mais intimista, do que naquilo que chamaria de "normal". Talvez por escolher viver na penumbra, essa mesma penumbra que um certo anonimato me permite, sou muito mais eu.
Ultimamente, tenho tido imensos pensamentos, sobre as mais variadas coisas, sem que, no fim, chegue a qualquer conclusão. Acabo por viver dividido, fragmentado, entre o orgulho e a vergonha, sem que nada atenue a sensação de vazio. O vazio continua ali. Não sei. Não sei porquê, sem ser uma maior estabilidade (outro trabalho, mais dinheiro), não entendo que possa originar esta sensação de vazio.
(Há pessoas que tentariam debater esta sensação, com a falta de alguém. De tempos a tempos, recordam-se que sou só e tentam, infrutíferamente, fazer-me entrar na ideia de que tenho que arranjar alguém. Toda a minha vida fui só, passei pelas piores fases da minha vida sozinho e afastei todos, enquanto atravessava as maiores tempestades da minha vida. Ninguém vai preencher aquilo que está no mais intimo de mim.)
Sinto este vazio. Sinto uma espécie de angústia, que não tem quê, nem porquê. Uma personalidade fragmentada, dividida entre o socialmente aceite e a poesia pornográfica, da mais pura e crua que possa existir. E não consigo encontrar un ponto de equilíbrio.
Escrevo para lidar com as coisas, para não enlouquecer de vez. Mas, bem lá no fundo, talvez não fosse mau de todo enlouquecer, deixar de ter a noção gritante que tenho das coisas.
Comments
mas nao achas que seria mais "facil" para ti se aceitares as duas facetas.. fazem parte de ti.. e nao as podes mudar (pois ires contra ti ainda é mais doloroso, podes as controlar) talvez so assim encontres o equilibrio (qdo aceitares quem és)
e a sociedade nd tem a ver com isso, pois nao fazes mal a ninguem..
Não deixo de ser quem sou, nunca deixei de ser quem era, sempre fiel e verdadeiro comigo.
Às vezes, fico apenas... perdido... não sei bem explicá-lo, mas é isto.
Entendo a tua escolha. Apenas na questão das tais contas pornográficas é que fiquei pelo anonimato. Só que, como disse num comentário, são tantas gentes "dentro da minha cabeça", que, por vezes, torna-se bastante complicado de gerir. E acaba por existir sempre uma interacção entre contas, entre as várias "pessoas" e o meu... Eu. Sei lá, é complicado explicar, é complicado gerir...