Um estranho sentimento

A música fala por si. A música diz tudo. Ana Moura, fez uma maravilha neste Fado.

A música tem destas coisas. Destas coisas engraçadas, sabes? Especialmente quando te toca, na alma, bem dentro de ti, quando te leva ao sentimento mais íntimo de ti mesmo.
Não tenho escrito o que deveria escrever. Contudo, uma noite de música brota, de mim, certas palavras, certos sentimentos, que julgava mortos ou adormecidos, pelo menos, há bastante tempo. E aqui fui ficando, sentindo, sofrendo intimamente, sentindo que é uma bênção estar só, pois não me perguntarão o que sinto, o que me vai no coração (um enfarte?), dada a transparência no meu rosto.
Passa - se bastante tempo antes que consiga escrever, após uma paragem, forçada pela falta de palavras. Ou pela falta de... conhecimento, sobre como irei exprimir o que me vai aqui dentro. Mas quando recomeço, torna-se quase uma compulsão, mesmo que possa não ter nada de jeito a escrever. 
Perdoa - me se não te escrevo, que tanto te quero e não tenho sentimento para ninguém mais. Perdoa - me se substituí as palavras de amor e dor, pela chama das velas, a fim de que nunca falte luz no teu caminho. Perdoa - me se o meu sentimento é tão forte, que te chamo por vias misteriosas, por um qualquer chamamento oculto, que nem eu entendo, nem sei qual é. E se "por ti sofro e vou morrendo, não te encontro, nem te entendo, amo e odeio sem razão", perdoa - me que seja sempre sombra no teu caminho e perdoa - me por te colocar o peso de demónio e anjo redentor.
Nesta madrugada de chuva... em que começam a faltar palavras para descrever tudo... tudo, tudo... em que deveria estar a dormir ou quase a acordar, preferia andar por aí, voltas nocturnas de carro, encontros secretos com o mar dos meus sonhos.
Se o vês. Se o sentes, esse meu chamamento, vem. Se o sentes, esse sentimento que apenas eu possuo, mascarado de obsessão, a fumar um cigarro e já a pensar no próximo, vem e liberta - me. Ou toma - me como teu. Reclama - me como outra parte muito estranha de ti. Se vês, se sentes, deixa - me consumir neste sentimento, que não é nada, sendo tudo. Deixa-me  consumir nesta verdade, nesta ansiedade, sem que haja calma possível, sem que hajam mágoas. 

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