Sonho

Sonho. Sonho com terras distantes, com outros tempos, com outras eras. Sonho com palácios e com sombras de cortinas esvoaçantes, dançando com o vento que chega do deserto.
Sonho. Sonho com os corpos nus, dançando pelas alas dos palácios. Dançando ao ritmo da música que chega de lá de fora, dos músicos da cidade, das músicas do mesmo deserto, que passei a vida a sonhar e a amar. Sem saber. Sem querer saber.
Sonho. E enquanto vou sonhando, vou perdendo a esperança. Porque enquanto sonho, sonho contigo. E enquanto quanto sonho contigo, vais vivendo a tua vida, longe, cada vez mais longe.
Sonho. E escrevo. Escrevo por mim, para mim; vivo no desejo, vivo no sonho. E há verde dum lado, deserto do outro e, algures, encontra-se o mar. Tu. E eu. Cada um do seu lado, mas é o mar que me chama, é o mar que ama, é deserto em que me perco. É no deserto que me perco, nos meus sonhos, é no verde da mata que caminho à toa, é junto ao mar, ouvindo a sua canção, que entôo orações silenciosas, como se fosse o ouvido de Deus.

Um dia despertei. E quis não despertar do sonho.

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