Amantes

Meia hora na loja de Internet, não muito longe de onde os teus pais tinham as lojas. Vejo-te à porta e tu finges não me ver: não sinto mágoa, nem me sinto zangado. Inevitavelmente, a vida correu assim: eu não te falo, tu não me falas! Se ainda nos falássemos, talvez ainda batêssemos umas à custa do outra. Se ainda nos falássemos, talvez tivéssemos simplesmente encerrado esse capítulo e seguido a vida com uma simples amizade, sem toques sexuais!

Tu! Agora tu! Ainda te vejo passar por mim pela rua! O que mencionei sobre ti, o que já escrevi para ti! O teu nome que oculto! Este que acabo de ver na loja da Internet, não é nada comparado contigo: enrolámo-nos de uma maneira simples e simplesmente nos largámos. Mas tu... Querias-me, sexualmente, mas não me deixei ir! Com o tempo, conversas, risos partilhados, aprendi a amar-te e venho a amar-te assim até hoje! Vejo assim a sofrer de cada vez que te vejo, chegando a fugir de um lugar cheio de pessoas que ambos conhecemos, arriscando a expor-te, da mesma maneira que tento proteger-te! Ainda há dias, estava no café com lgumas pessoas, tu chegaste e cumprimentaste todos quantos conhecias. Tive medo. Talvez esperança de que me dirigisses a palavra.

Vejo alguém desse passado não tão distante e acabo por pensar em ti! Bonito! Será assim eternamente? Não sei... E não quero preocupar-me com isso! Se não entendem a força do meu amor por ti, também não lhes é dirigido: apenas tu me interessas, apenas a tua compreensão da dimensão deste sentimento me interessaria. E mesmo assim, agora talvez já não me interessasse!

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