Tristeza, amor, sentimentos

Como posso começar com estes escritos? Como posso começar isto aqui? 'Pelo começo' seria uma boa e desengraçada resposta, mas eu gostaria de saber como é que isto começa.
Talvez comece pela rápida vista de olhos dada ao Facebook. Ela partilhou uma das suas entradas de blog no Twitter, que apareceu no meu mural. Esses sentimentos... conheço-os bem. Tento calá-los, mas conheço-os bem. Não escrevo aqui, nem falo sobre isso que sinto. Seria dar voltas e voltas à mesma coisa, sem qualquer resultado. Escrevo certas coisas em cadernos baratos comprados nos chineses, entre versos pu e, várias entradas de diário seguidas. Por vezes, na mesma noite, uma entrada é fechada e outra é aberta pouco depois. Escrevo diários, como se fossem os textos mais preciosos do mundo. E sinto-me, no entanto, impossibilitado de escrever os meus versos.
Ontem à noite, ao sair do café, começaram uma conversa comigo, como há já um tempo não tinham. Observam que sou infeliz e que é o amor que me faz falta. O amor foi desejado em tempos. Hoje em dia, essa ideia é-me incómoda. Tenho dito que, caso apareça, não fugirei, mas que não é algo que ande à procura. Realmente não ando à procura de tal coisa, mas também não é algo que eu vá deixar desenrolar, caso algum dia me aperceba de que estou a cair por isso.
Há já algum tempo que não me falavam disto. Há já algum tempo que não me "chateavam" com estas questões.
Tento escrever e estou numa daquelas fases que relembram as luzes intermitentes de um navio que se afunda. Ora acesas, ora trémulas, antes que se apaguem de vez.
Saio do café um pouco mais cedo e vou para as bombas. Às vezes bebo um café enquanto converso com amigos e conhecidos. Outras vezes, rio-me de brincadeiras exageradas a que se entregam. Mas há bastante tempo que não vou dar uma das minhas caminhadas nocturnas. Caminhar pela cidade, com os fones nos ouvidos, a sós com os meus pensamentos. E mesmo esses, já não são belos, nem grandiosos. As pessoas tornam-se, de certo modo, indiferentes e perdem o interesse que poderiam oferecer a qualquer coisa que eu criasse.
Em tempos pintava. Tinha a tendência para desenhar e pintar pessoas. Outros tempos houveram em que os meus desenhos não incluíam pessoas. Se elas estivessem lá, estavam mortas. Hoje, se desenhasse, seria uma dessas alturas. Hoje, se desenhasse, seria uma das alturas em que os meus desenhos / pinturas estariam desprovidos de vida humana.
As pessoas falam e brincam e no meu âmago, eu tenho raiva de certas brincadeiras e de certas piadas. Para que quereria eu uma pessoa na minha vida? Em horas de carícia, afastaria a mão do meu corpo ou do meu rosto. Em horas de palavras, despejaria torrentes de ódio e de desespero. Talvez que essa pessoa tivesse uma arma, a mesma que eu usaria para pôr um fim a isto tudo. Talvez que essa mesma pessoa fosse uma arma.
Porque devo eu ir?
Porque devo sentir? Sentir verdadeiramente? Se o sentir é o meu maior mal...
Calam-se assim as vozes dentro de mim.
E eu vou sair daqui agora. Porque isto não é bom. Porque isto não é saudável.

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