A sós, na penumbra do quarto

À noite, quando estou a sós na minha cama, nem sempre consigo adormecer. Custa-me a dormir. Custa-me a adormecer. E enquanto não adormeço, penso, sonho acordado, fantasio. Enquanto sonho acordado e enquanto fantasio na penumbra do meu quarto, toco no meu corpo. Toco no meu corpo e imagino outras pessoas. Fantasio momentos e palavras. Estou a sós. Mea culpa!
Custa-me adormecer e muitas vezes os meus pensamentos vêm morder. Mordem de noite, na penumbra do meu quarto ou numa solitária caminhada pelas ruas da cidade. Lá fora chove e está frio, mas o frio lá fora não se compara ao frio de casa, ao frio da cama vazia. Mea culpa!
Ainda assim, mantenho o meu pensamento. Dói, mas não dói tanto como iludir-me e descobrir que nada passa de mentiras. Dói, mas dói menos, ainda assim, que a ilusão. Amor... amor é para a poesia. Para a vida, é uma mentira luxuosa!
A sós, na penumbra do quarto, toco no meu corpo e fantasio uma ou outra pessoa a tocarem-me. E pelo mundo, alguém fará o mesmo, com o mesmo género de pensamentos.
A sós na penumbra de quarto, tenho os mais frios e os mais amargos pensamentos e é assim que me ouço melhor. Assim consigo criar melhor. Meus versos, meus filhos de luz!
Quanto vale a solidão, em momentos de ouro de criação?

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