O que resta?

Anda um génio pelos ares. Anda um génio dentro de mim. Sou a lâmpada. Esfrega-me e vê-lo-ás sair.
E ele fala enquanto os homens caminham pelos bosques. Perdem-se em caminhos já definidos por entre as ramagens mais baixas. Ouvem-se os passos. Como que marcham. E eu vejo-os passar. Mãos assassinas tocam-me por entre as ramagens. Vermelho sangue ao longe.
Peço à voz - à minha voz - que não me falte. Peço-lhe que não deixe de falar. Peço-lhe que não deixe de declamar esses versos. Mas não os eacrevo. Estou muito ocupado... aqui... ali... por entre este e aquele novos caminhos. Peço à voz que cante o passado. O nosso passado. O passado de que temos conhecimento. O passado da minha - e da nossa - História. Há glória. Há sombras.
Passa o dia. A tarde morre ao longe.
Espero boas novas. Sobra a tristeza. Esvoaçam as cortinas, enquanto canta o homem morto. A minha alma já se foi há muito. Está perdida pelos mares de sonho. Nas praias de ninguém, morre mais uma mágoa engolida pelo mar. Espuma na areia. Nada. Ninguém. (São as praias de ninguém.)
Da verdade... o que nos resta? Aguardamos mais mentiras, pelas mentiras de um novo dia.
Não há nada. Não há mais nada.

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