A propósito das minhas stories, dos meus tweets e de seguir algumas pessoas nas variadas redes sociais

Enviei umas stories para o Instagram e comecei a enviar uns tweets, mas acabei por desistir.
Comecei por escrever um texto, do qual desisti. Escrever no telemóvel, não é a melhor opção, mas é a única que tenho neste momento. 
2019 foi um ano nefasto em vários sentidos. Sem dar demasiados detalhes, percebi que, mesmo procurando estranhos para falar, na estúpida crença de que o julgamento virá em menor proporção, é o mesmo que dar pérolas a porcos. Ninguém entenderá e, se porventura for demasiado transparente sobre mim e sobre a minha essência, já estou a colocar um preconceito sobre por que envio mensagens. Não interessa.
Sei-me, há muito tempo, só e abracei essa condição sem remorso. Há noites que custam a passar, que se traduzem em insónias envoltas no fumo dos cigarros fumados uns atrás dos outros. Eu sei. Sei, também, que não posso ser demasiado transparente sobre mim e sobre a minha essência, sem entregar-me à boca do lobo do preconceito, sem colocar um alvo na testa e outro nas costas. Eu sei. E sei que, não importa que alguém me estenda a mão, porque a minha eterna necessidade de verdade e transparência irá sempre levantar um véu, senão um abismo, entre nós: talvez as suas crenças os levem a afastar-se, como levam, porque enquanto homem que gosta de homens, não posso enviar-lhes mensagens sem ter outras intenções. Sei que esse pensamento paira nas suas cabeças. Mas, também, muitas da vezes, sei que as segundas intenções vêm quando recebo mensagens. E, no fim de contas, eu é que sou sempre o mau da fita.
Há coisas que têm que sair, de uma maneira ou de outra, ou enveredo por um caminho que não será saudável de maneira nenhuma. Há coisas que têm que ser ditas ou escritas, para o mundo ou para a privacidade dos meus olhos, até à minha morte. Porque não posso guardar mágoas, tristezas, ressentimentos, rancor por toda uma vida, por toda uma eternidade. E porque não posso entrar neste sistema de estar acordado às oito e meia da manhã, sem ter dormido cinco minutos que sejam. Não posso.
Chega a um ponto em que me canso de estar sempre presente para todos, nem que seja da maneira mais fraca, ridícula e pueril, sabendo que, no fim de contas, não vou ter nem um estranho, nem um conhecido que me estenda a mão. Porque são tudo brincadeiras, mesmo quando são pedidos de ajuda; porque sou preterido por outros, porque só sirvo para as horas de ócio e de tédio, para substituir qualquer amante, sem ter direito a um mínimo de cuidado. 
Enviei essas stories para o Instagram, porque estou cansado de ter "amigos" no Facebook, que sigo no Instagram e que procuro, por fim no Twitter, porque preciso que me digam alguma coisa. Estou cansado de sentir que nada valho para ninguém, enquanto que, até estranhos, chegam a valer um mundo para mim.
Sinto-me só: e não é que seja mau.
Sinto-me... injustiçado, talvez... porque vou procurando este e aquele, sabendo que levarei o rótulo de perseguidor, de chato, de outra merda qualquer. Merdas que não deveriam incomodar-me, de pessoas que nem deveria fazer qualquer diferença na minha vida. Mas, como já referi, a minha já fragilizada condição mental não me deixa desligar facilmente. 
E ninguém parece entender. 
Ninguém parece querer entender.

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