Se passas, ele não sorri / Porque não quero um amor

Fazia já um tempo. Um bom tempo!
Eis que apareces. Eis que voltas a ser assunto dominante das conversas na minha mente. Aquelas conversas, que as numerosas pessoas que vivem dentro de mim sussurram pelas mesas de um café, também ele dentro da minha cabeça (ou será da minha alma?).
Hoje está muito, muito frio. Hoje já chove. Chove lá fora. Chove dentro de mim. Estranhamente, não quero mais nada: apenas um imenso frio. Apenas a chuva que cai, lá fora, aqui dentro (coloco a mão, imaginariamente, sobre o coração). Hoje, imagino como teria sido tudo, caso tu e eu tivéssemos existido alguma vez, caso tivéssemos dado certo. Poderíamos ter até falhado e corrido mal, muito mal, mas se tivéssemos existido... como teria sido?
Se passas, não sorri aquele homem louco e destruído pela vida, pela falta de cuidados consigo mesmo, pela falta de sonhos e de esperanças, pela falta das ruas de Lisboa ou de Sintra. Se passas, não sorri quem daria tudo, a alma, a vida, por ti.
Tenho saudades de saber o que é sentir: eu sentia louca e exageradamente. Hoje, resta-me uma apatia exagerada. Resta-me a falta de um coração e de um sentimento. Resta-me o amor pelos poucos que me foram ficando, pelos poucos que me foram restando. Agradeço a um amigo a sua amizade, agradeço e gosto de alguém que considere como um bom e verdadeiro amigo, mas não passa daí.
(Decidi fazer assim. Uma quebra de página, para dar a entender uma segunda parte nesta entrada.)

Porque não quero um amor?
"Todos querem amar e ser amados, todos querem ser felizes com alguém do seu lado, porque hás-de tu ser diferente?", perguntas-me tantas vezes, minha querida Sófy.
Deixei de sentir. Deixei de ser capaz de sentir, de amar. Como posso, odiando a mentira, mentir a alguém por quanto tempo dure o que for que exista entre nós? Como posso deixar seguir uma mentira, apenas para que os outros fiquem felizes? onde ficaria eu, os meus ideais, o meu orgulho no meio de tudo isto?
Se sou infeliz, deixem-me sê-lo. Tirem-me tudo, excepto a força de ser eu, de ser quem sou.
Quero viver o melhor que possa, enquanto ainda estou neste mundo (quem me dera, por vezes, conseguir esquecer que é a Morte o único destino que iremos conhecer verdadeiramente), mas espero que, um dia que me vá embora, que este mundo não me conheça sobre qualquer outra forma. Quando me for embora, quando voltar as costas ao mundo, que seja de uma vez só. Quando apenas sobrar a minha alma, que se consuma de uma vez só no imenso fogo do Universo, e que não reste nem uma pequena memória de que alguma vez eu tenha existido.

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